sexta-feira, 20 de junho de 2008

Adeus paipai

Aquela noite parecia como todas as outras. Minha mãe e minha irmã estavam na igreja, em uma vigília, meu pai estava pescando, enquanto meu irmão e eu dormíamos tranquilamente.

Tarde da noite acordamos com batidas na porta. Eram meus avós. Fiquei feliz e surpreso ao nos convidarem para ir à casa da tia Luiza, em Balneário Camboriú, o que fazíamos freqüentemente.

Fizemos rápidos as malas e logo estávamos prontos para passear. No caminho paramos na casa de uma outra tia, a Lurdes, onde muitas pessoas estavam reunidas. Fiquei no carro observando meus avós e meu irmão falarem com outras pessoas. Estranhei um pouco, pois era muito tarde e todos pareciam preocupados.

Enquanto ainda estava esperando, a tia Lurdes se aproxima do carro e me oferece um comprimido, dizia ela que era pra gripe. Embora não estivesse doente, engoli sem reclamar, já que não tinha gosto ruim. Algumas horas depois descobriria que esse remédio era um calmante.

Novamente na estrada, voltamos a nossa pequena viagem. O silêncio era amedrontador. Ouvia-se apenas o barulho do carro, que nos levava em alta velocidade.

De súbito, minha avó se vira para onde eu estava e deu a notícia que meu pai, que estava pescando, havia caído do barco e desaparecido no mar. Então perguntou se eu sabia o que aquela triste notícia significava. Respondi que sim. Meu pai estava morto.

Fiquei estático. Meus pensamentos me confundiam. Não entendia o que estava acontecendo. Era um pesadelo do qual queria logo acordar. Dopado, dormi em seguida, querendo me esconder da vida, de tudo.

Acordei desorientado, já em Balneário Camboriú, onde equipes de mergulho se esforçavam para encontrar meu pai. No mesmo dia voltei para Itajaí, na a casa da tia Rozane.

Nesse lugar agradável, não se falava o que estava acontecendo, nem se já haviam encontrado o corpo dele. Brincava com meu primo, querendo esquecer a situação. Lembro-me que certa noite, quando o fornecimento de energia elétrica na região se interrompeu, meu primo e eu, olhando para a vela que iluminava o quarto, pedíamos para que Deus encontrasse meu pai, vivo ou morto.

Quatro longos dias depois, numa tarde chuvosa. O telefone toca e nos avisa que seu corpo finalmente havia sido encontrado na praia de Balneário, quilômetros do local onde esperávamos que estivesse.

Relembrando que não estava num pesadelo, uma nostalgia me tomava. Não acreditava que seria possível nunca mais vê-lo, o meu pai, meu grande amigo.

No velório, via pessoas que amava chorando, passando mal e me fazendo chorar com eles. Não quis ver seu corpo, queria lembrar apenas dos bons momentos que vivemos juntos.

No final daquela tarde, fomos todos em um cortejo até o cemitério, onde me despedi dele, daquele que nunca iria esquecer.

Onze anos depois, ao recordar de tudo isso, percebo o quanto Deus é importante na minha vida, que embora tenha perdido meu pai, através de Jesus Cristo, meu pai me encontrou.


Saudades...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A prática clientelista no Brasil

A cada dois anos, milhões de brasileiros vão às urnas para votar nos seus representantes. Nesse ato de cidadania, percebe-se que determinados candidatos aos cargos públicos tratam os eleitores como clientes, praticando a política de troca de favores, também chamada de clientelismo.

Quando nos referimos à prática clientelista, temos que considerar fatores sociais e econômicos, além de políticas, ou seja, o Brasil é uma nação com acentuada desigualdade econômica, fazendo com que os cidadãos usem o voto como mercadoria para benefício próprio e não para representar os seus desejos coletivos.

Já virou rotina ligar a televisão e receber a notícia de que mais um político está sendo acusado de corrupção. Todos esses acontecimentos vão gerando no povo um sentimento de inutilidade, porque elege pessoas para representá-lo que acabam utilizando a máquina pública para enriquecimento ilícito, troca de favores, dossiês e tráfico de influência, tirando a legitimidade do seu instrumento de poder, que é o voto, e do Estado, logo não vê fundamentos para praticar a cidadania, já que, nessas condições, serviria apenas para fazer um “rodízio de ladrões nos cargos do poder público”.

Embora a Lei 9840/99 defina que o crime da compra de voto, também chamada de captação de sufrágio, resulta em multa, perda de mandato e cassação do registro do candidato às eleições, a sua aplicação depende da conscientização política do povo para denunciar esses infratores. Se os eleitores quando recebessem uma proposta de compra do seu voto, ao invés de aceitá-la, denunciassem, a política seria mais íntegra e preocupada com os desejos coletivos da população.

Quando o povo perceber que utilizando o seu voto como mercadoria de troca o torna responsável pela má utilização do dinheiro público e tiver uma consciência política voltada para os interesses coletivos, só assim o país terá representantes preocupados em realizar ações que beneficiam a população.

domingo, 1 de junho de 2008

The I Heart Revolution - A Revolução Eu Amo

Abaixo, um texto do Joel Houston, sobre o documentário do Hillsong United. 
Fiquei "de boca aberta" com a simplicidade que expressa a missão dessa geração.
Vale a pena ler.




Eu tenho uma camiseta. Ela tem escrito "Eu" - que acho que é uma referência pessoal à pessoa usando a vestimenta, um coração - que por um acordo tornou-se o símbolo universal para o amor e um "N" em pé ao lado de um "I" – que se refere especificamente à cidade de Nova Iorque, ao contrário de outras possibilidades acrônimas como "nebulosa infância" ou "nariz do Ivan".

Agora eu simplesmente gosto da camiseta, mas a verdade é: eu "amo" Nova Iorque, amo mesmo, é uma cidade incrível; o horizonte, as luzes, os marcos, o passo frenético de tudo com suas orquestras de sirenes, buzinas e vida em movimento, uma estátua chamada liberdade, Táxis cor de banana, o céu perdido em meio a arranha-céus e no meio de tudo uma selva dentro de uma selva fingindo ser um parque. Eu amo. Existe intriga e personalidade para ser encontrada em cada esquina. É uma cidade de mil personalidades, um coquetel de culturas e cores fundidas para criar uma paisagem que de muitas formas se tornou o símbolo da era moderna, mas o que faz de Nova Iorque, Nova Iorque e o que eu mais amo nesse lugar são as pessoas. Elas são de fato a sua definição. Elas são o movimento, a energia, a vida dentro das estruturas, são a paisagem, os alto-falantes, a História e o futuro, elas são Nova Iorque e são elas que eu amo.

Sabe, o mundo é um lugar feito de lugares e cada lugar tem uma história e a história de cada lugar é refletida no que se torna sua cultura. A própria cultura é definida através do seu povo e o povo, bem, eles são o futuro e o futuro é agora...

Então, olhando para isso na mesma luz, mas de outro ponto de vista, neste momento na história, nós somos o povo nos lugares e somos nós as pessoas definindo as cultura e somos nós que estamos criando a História. Logo a pergunta deve ser feita: Se somos o futuro, como ele será?

Eu não sei você, mas se nossa geração for lembrada por ipods, myspace e youtube, nós erramos. Se a história falar de nossa geração como pioneiros individualistas da era digital, dos realitys shows e das celebridades com propósitos, nós teremos falhado. O mundo vai mudar sozinho, para melhor ou pior. Ele muda diariamente, mas quem serão as pessoas que o moldarão e como ele vai ficar?

Por si só, revolução não é nem ruim nem boa. Revolução representa mudança, uma virada de cultura. A história é marcada por revoluções sociais e políticas, algumas representaram vitórias, liberdade e justiça, mas por outro lado, muitas se tornaram representações infames de desespero, opressão e injustiça. Tudo que o mal precisa para prosperar são homens bons que não fazem nada para a igreja - as mãos e os pés de Jesus e Seu plano para a salvação para essa grande e quebrada esfera de terra, água e vida que nós temporariamente chamamos de casa. Isso nunca foi tão urgente. É tempo de uma revolução alimentada por um descontentamento com a vida centrada em si mesmo e a fé complacente, guiada por um desejo pela verdade, o amor e a justiça...

E é isso que isso é... Toda geração precisa de uma revolução e essa tem que parecer, soar, andar e respirar como amor. Não é um conceito novo, é um conceito eterno, é a razão pela qual vivemos, é o chamado fundamental do que significa ser um seguidor de Cristo...

Ame a Deus. Ame as pessoas. É isso. É essa a revolução. Nossa, que revolucionário, eu sei, mas se nós compreendermos o que isso significa, se estabelecermos em nosso pensamento como isso é e começarmos a vivê-lo, nós mudaremos o mundo. Não é tanto em relação às coisas grandes, é só nas coisas, é sobre as pessoas nos lugares sendo a resposta. Nos lugares e juntos, se tornando a resposta para as coisas grandes, é sobre o seu quintal, o meu quintal...
 
O mundo diluiu o amor a slogans, camisetas, canções pop infantis e excursões para indulgência visual banhadas à pipoca. Tudo bem com essas coisas, mas nós jogamos a palavra por todo canto, confundimos sua definição, diminuímos o entendimento do mandamento de Deus. O amor é a emoção humana essencial, é o desejo de todo ser humano experimentar e por sua vez expressar o amor e Deus mesmo É amor. Ele deseja ser amado. Quem são os portadores de Seu Espírito? Somos nós...

Então esse é o chamado. Essa é a missão e é isso que representa.

Uma geração expressando sua adoração e além, expressando seu coração pela adoração na ação do amor em relação a Deus e em relação ao mundo em que vivemos, as pessoas que o habitam. Não é uma questão de acentuar a escuridão, é uma questão de se tornar a luz que dissipa as trevas, é o evangelho e é agora. Estamos todos nisso juntos...

Ser salvo não nos custa nada. Ser discípulo nos custa tudo.